Depois de enfrentar problemas com o desabastecimento de alimentos e bebidas, que esvaziaram as prateleiras de vários supermercado, além da alta dos preços e da interrupção de vendas de produtos de fast-food, como o McDonald’s e o KFC, os britânicos agora fazem fila para abastecer seus carros, temendo a escassez de gasolina. A Shell e a BP tiveram de fechar postos de serviço em algumas cidades do país.
O fenômeno, batizado pelos economistas como "compras nervosas", é produto do desequilíbrio de mão de obra no setor de logística trazido pelo Brexit e pela pandemia de covid-19. Ontem houve registro de filas em diversos postos de gasolina depois de o ministro dos Transportes, Grant Shapps, pedir que a população não corresse aos postos e mantivesse a vida em "ritmo normal".
O principal nó na logística de fornecimento de produtos no Reino Unido atualmente é a escassez de motoristas de caminhão, atividade essencial na distribuição de bens de consumo pelo país. Com a saída do Reino Unido da União Europeia, o sindicato da categoria estima que 100 mil trabalhadores que desempenhavam a atividade no país retornaram para o continente, principalmente para o Leste da Europa. O fenômeno foi amplificado pela pandemia que fez com que muitos europeus residentes no Reino Unido retornassem a seus países de origem. Cerca de 1,4 milhão de europeus deixaram o Reino Unido nos últimos 18 meses.
Sem a força de trabalho imigrante, o país não consegue suprir a atividade com mão de obra local, em virtude dos baixos salários pagos no setor - algo que os opositores do Brexit alertavam que poderia ocorrer.
Com o enfraquecimento da atividade econômica e as interrupções na vida cotidiana causada pela pandemia, processos de treinamento e habilitação de novos motoristas também foram interrompidos. A esperança é que muitos dos trabalhadores do setor de serviços - duramente afetado pela pandemia - tentem vagas como motoristas de caminhão. Mas esse processo leva tempo.
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