A empregada doméstica Vera Lúcia Lopes, 49 anos, foi multada em R$ 10 mil por postar uma foto de um médico ironizando a demora no atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Campo Grande. Segundo o Uol, ela foi condenada no fim de abril por postar no Facebook a foto em que dois médicos conversavam enquanto sua sobrinha aguardava para ser internada. "Por isso que as UPAs não funcionam. Enquanto os pacientes padecem, os médicos ficam batendo papo", escreveu na legenda.
O médico da foto diz que dias após a postagem pacientes passaram a perguntar sobre seu comportamento na questão. Ele resolveu ir à Justiça, afirmando que estava conversando com a médica da foto porque ela trabalhava há pouco tempo na UPA e tinha uma dúvida sobre o caso de um paciente.
Vera diz que recebe R$ 1 mil por mês. Ela mora só com o filho de 21 anos, que trabalha de segurança. "Acho que é injusto esse valor de R$ 10 mil. No dia em que eu fui ao tribunal, expliquei para juíza. Ela não falou nada, nem pediu minha carteira profissional para ver quanto eu ganho", conta. Ela diz que não sabe como vai pagar. "De onde eu vou tirar esse dinheiro? A gente paga luz, água e R$ 600 de prestação da casa". Vera conta que retirou a publicação do ar por ordem da Justiça. "Agora, um médico pedir indenização de uma empregada doméstica? Eles poderiam mandar alguém na minha casa, ver minha situação". Ela vai buscar um defensor público para recorrer da decisão.
O advogado David Amizo Frizzo, que representa o médico, diz que o cliente sabia que Vera era pobre, mas que sua ação é "educacional". "Não buscamos a Justiça por motivo financeiro, mas pedagógico", diz. Para ele, as redes sociais hoje são um "campo aberto" em que as pessoas se expoem e aos outros sem pensar nas consequências. Somente sentindo "no bolso" podem repensar essas atitudes. Ele diz que Vera Lúcia poderia ter demonstrado arrependimento, o que não fez. "Se na audiência ela reconhecesse o erro, pedisse desculpas e se retratasse na rede social, talvez o meu cliente já tivesse desistido da ação. Não queremos os bens dela".
Correio
Nenhum comentário:
Postar um comentário