O grande sintoma do racismo estrutural brasileiro dentro de nossa literatura se dá justo com nosso maior autor – e não com sua obra, mas sim com sua própria existência: Machado de Assis era um homem negro, mas ao longo do tempo, foi cada vez mais sendo embranquecido em fotos e histórias. Tornou-se comum a imagem de Machado como um homem moreno, próximo ao branco, em contraste absurdamente falso com a tonalidade real de sua pele. Essa imagem do elegante autor de pele embranquecida que se popularizou em seus livros – mas uma ação da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, pretende corrigir essa preconceituosa inverdade.
Assim nasceu o projeto “Machado de Assis Real”, como uma “errata histórica feita para impedir que o racismo na literatura seja perpetuado”. A ação oferece uma foto colorida em alta resolução para download, a fim de que possamos substituir a imagem criada, do Machado “branco”, em livros e retratos oficiais. O site do projeto – realizado em parceria entre a faculdade e a agência Grey – levanta também um abaixo-assinado para que a fotografia oficial do autor seja substituída em livros. O movimento pretende também entregar a foto correta à Academia Brasileira de Letras, instituição fundada e presidida por Machado de Assis. Diversas outras ações dentro do movimento já estão agendadas.
Nascido no Morro do Livramento – na região conhecida como “Pequena África”, no Rio de Janeiro – em 1839, o sucesso de Machado como autor e jornalista o fez membro da elite da época e, assim, tornou-o “branco” para a posteridade – e as fotos foram sendo “retocadas” com o tempo. Suas origens pobres foram, aos poucos, sendo apagadas, e sua literatura celebrada para além desse seu passado original. As ideologias racistas do período que Machado viveu não puderam admitir que o maior autor do Brasil, e um dos maiores do mundo em todos os tempos, seja, em verdade, de origem africana.
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Até que enfim busca-se a realidade. Machado de Assis um negro como foi o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A grande diferença é que o primeiro foi criado e viveu como branco em plena escravidão brasileira fato revelado em suas obras literárias, enquanto o segundo presidente do maior país do mundo os EUA. Nunca se omitiu ou se esquivou de assumir sua condição de negro.
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