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Os itens de segurança te eximem de responsabilidade? Por Fredson Valois

 



28/06/2021


As mais diversas tecnologias oferecidas nos veículos modernos, controle de estabilidade e de tração, airbag de cortina, célula de sobrevivência, entre outras, têm deixado alguns motoristas com a falsa sensação de imortalidade. 

Entrar no carro e ser abraçado por tanto conforto proporcionado atualmente, nos deixa como única atribuição, acelerar. Direção elétrica progressiva evita que o motorista sinta o veículo leve demais, controle de tração e estabilidade, entre outras, faz com que o veículo mantenha sua trajetória como um todo evitando a perda de controle direcional em situações adversas, um “mar” de airbags te coloca, hipoteticamente, dentro de uma bolha inviolável. 

Todos esses itens te encorajam a entrar no carro e “decolar”. 

Para fins das conclusões que tiraremos a seguir, consideraremos três constantes importantes: 


1- Capacidade de frenagem de uma S10 2.8 TURBODIESEL AT 4X4 (2018) – 

(𝑎 = −9,5 𝑚/𝑠²)

2- Coeficiente de atrito ideal entre asfalto e o pneu – (0,5 − 0,8)

3- Tempo médio de reação de um motorista ao ver um obstáculo – (0,7 s) 

Em ambos os casos expostos a seguir, consideremos um motorista trafegando em uma rodovia ideal, com um veículo com esse poder de frenagem e tendo o tempo de reação idêntico ao da média e um obstáculo (animal, acidente, pista bloqueada, veículo parado, ...) aparecendo à sua frente a uma distância de 60 metros. Diferenciamos os casos apenas pela 

velocidade em que o veículo trafega.


 1º caso – Veículo trafegando a uma velocidade de 108km/h. 

Trafegando a 108km/h o veículo desenvolve uma velocidade de 30m/s. Ao avistar o obstáculo a 60m e iniciar o processo de frenagem, o condutor leva 0,7s, isso significa que o veículo percorre uma distância de 21m até começar a frear. Assim, restam 39 metros até a colisão para que o veículo diminua, ao máximo, sua velocidade. Com o espaço que resta, o veículo atingirá o obstáculo a uma velocidade próxima de 12,6m/s, ou seja, 45km/h 

aproximadamente. 

2º caso – Veículo trafegando a uma velocidade de 130km/h. 

Ao trafegar a 130km/h, a velocidade desenvolvida é de 36m/s. Da mesma forma, avistando o obstáculo a 60m e iniciando o processo de frenagem 0,7s depois, o veículo percorre uma distância de 25,2m até começar a frear. Nesse caso restam apenas 34,8 metros para que o veículo reduza ao máximo sua velocidade até o momento da colisão. Parece pouca a diferença (4,2 metros) mas há de ressaltar que agora o veículo precisa reduzir uma velocidade que, inicialmente, é maior. Assim, o veículo atingirá o obstáculo a uma velocidade de 25,2m/s, ou seja, 90km/h aproximadamente. 

 Observem que, apesar de acharmos confortável e seguro viajar a uma velocidade de 130km/h, algumas situações podem acontecer que nos deixam fora do raio de defesa. 

 Não precisamos ser especialistas em números nem estarmos a todo momento fazendo contas, basta pararmos um pouco pra refletir e tornarmo-nos mais sensíveis aos acontecimentos. 

 Por fim, para aqueles que acharam o texto pouco proveitoso segue uma reflexão, 

principalmente para os que têm família e filhos pequenos. 

 Ao entrar em seu veículo e dirigir para qualquer lugar com seu filho dentro do carro, olhe para trás e veja o quanto de confiança ele deposita em você. Ele não se preocupa com a velocidade, não se preocupa com o estado de conservação da pista, ele nem olha pra frente, ele entrega toda sua integridade nas mãos de quem conduz, sabe por que? Porque quem está dirigindo é o seu herói ou sua heroína e sabe que nada irá acontecer com ele.



Por: Frédson Valois Pereira

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