No futebol, vê-se de tudo. Algumas vezes, o imponderável supera a própria técnica e a tática, a organização. Alguém poderia imaginar que, quase 50 dias depois, Rogério Ceni voltaria ao Fortaleza depois de uma passagem conturbada no Cruzeiro? O presidente do Leão, Marcelo Paz, em coletiva neste domingo (28), foi enfático ao dizer que jamais imaginou a situação. Nem nós. Mas a verdade é que foi o melhor para o clube do Pici.
Desde que chegou, Zé Ricardo tentou implantar a identidade dele no time. Aos poucos, mudando o estilo de jogo. Levou Gabriel Dias para a posição de origem, atuando como volante ao lado de Juninho e Felipe. Tinga assumiu, de fato, a lateral direita. Escalou Matheus Vargas no meio-campo. Optou por três atacantes em alguns jogos, deixando de lado o 4-2-4 de Ceni. O fato é que só venceu um jogo, contra o Goiás por 2 a 0. E empolgou, de fato, somente em uma ocasião: quando arrancou um empate em 3 a 3 contra o Santos, fora de casa. Mas não conseguiu mobilizar o torcedor, embora tenha sido muito bem recebido com festa no aeroporto, quando foi anunciado.
Enquanto Ceni estava no Cruzeiro, onde foi anunciado no dia 11 de agosto, o Fortaleza contratou Adalberto, Jackson e Paulão para a zaga. Roger Carvalho, titular absoluto ao lado de Quintero, acabou passando por cirurgia e não retorna mais este ano. Matheus Vargas chegou da Ponte Preta para o meio-campo. Edinho, Osvaldo e Romarinho, xodós de Ceni, foram menos utilizados. Felipe Pires teve chance de mostrar o valor dele em campo. As queixas de Ceni quanto à falta de reforços pós-Copa América ficam para trás.
O prazo para inscrever atletas para a Série A do Brasileiro já acabou. E há ainda 17 duelos pela frente na competição nacional. Seria arriscado demais para um time que quer permanecer na elite trazer um técnico para recomeçar do zero. O próprio presidente Marcelo Paz admitiu isso em coletiva neste domingo: Ceni sempre foi a primeira e única opção, embora Paz tenha ficado angustiado se daria certo ou não ter de volta o técnico que já deu tantas alegrias e tantos títulos.
A volta de Ceni aquece também as vendas: de ingressos, de produtos do clube, de sócio-torcedor. O Fortaleza não vence há quatro jogos na Série A. E a missão de Ceni não é fácil. Mas está dada a nova oportunidade de reconquistar o espaço dele, com a propriedade que sempre teve.
Dar um passo atrás para voltar de onde saiu tão recentemente desagradando a alguns, que acreditavam na permanência dele até o fim da Série A, é também um gesto de grandeza. Porque abre espaços para reflexão. No Fortaleza, Ceni tem total liberdade para comandar, seja nas quatro linhas, seja no planejamento do Leão, que vai de reforma de CT até mudança de alimentação dos jogadores.
A relação entre Ceni e Fortaleza é forte e agora precisa dar novos frutos. O clube tem 22 pontos, três na frente da zona de rebaixamento. É uma batalha que recomeça. E o primeiro capítulo ocorre nesta segunda-feira (30), diante do Botafogo, às 20 horas, na Arena Castelão, com transmissão ao vivo do GloboEsporte.com. Para acompanhar basta estar logado gratuitamente na Globo.com.
GE
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