Antônio tem problemas mentais e vive em condições precárias como um animal abandonado em um espaço de pouco mais de 3m², sem cama ou móveis e fechado com uma grade. De acordo com os familiares, em 1986 ele presenciou o assassinato da cunhada grávida –crime cometido pelo irmão João Antônio do Nascimento– e desde então, o deficiente teria se tornado agressivo e apresentado problemas psíquicos graves.

"Ele ficou se tratando em Mossoró por um ano, mas depois que voltou, a família ficou sem saber o que fazer e o prendeu lá", contou a vizinha Roberta Maria. O pai de José, Cícero Raimundo do Nascimento, 79, confirma que optou pelo cárcere privado para se proteger das agressividades do filho.

De acordo com os vizinhos, Antônio mora com o pai e com o irmão, João Antônio do Nascimento, que foi solto depois de cumprir 10 anos de pena pelo assassinato da mulher. “A situação deles é de clamar aos céus. Desde que a mãe de José morreu em 2004, vítima de complicações por infestação de vermes, ele vive largado lá naquela casa. Não sai do ‘quarto’ nem para fazer as necessidades”, relatou uma vizinha.

Aparentando desconhecer as leis e o crime de cárcere privado, Cícero Raimundo conta com naturalidade que prendeu o filho porque não “pode com ele quando fica agressivo”. O deficiente não tem acompanhamento médico e vive apenas com um prato de comida por dia e 30 cigarros que –segundo o pai– mantém o filho “mais calmo”. Para ele, manter o homem preso e acorrentado foi a forma de segurá-lo em casa e o proteger para não cometer agressões.

A sujeira toma conta do espaço, que sequer tem banheiro ou cama. José Antônio dorme em uma rede. Ele faz as necessidades fisiológicas no chão, que nunca são limpas. A única vez no dia que a grade é aberta é para passar comida. O alimento só chega com ajuda dos vizinhos, que, sensibilizados com a situação do rapaz, mandam refeições para José.

“Eles são muito pobres e passam fome mesmo. Raras vezes o pai consegue comprar uma quentinha. Sempre mando comida, mas não tenho coragem de ver a situação, pois José era uma pessoa muito boa quando trabalhava na roça e vendia carvão. Não entendo porque os irmãos não tomam conta dele e do pai e os deixam largados naquela situação”, disse a vizinha Heloísa Rodrigues de Oliveira, que mora a duas ruas da casa de José e Cícero.

“Tem um irmão que mora com eles, mas não dá nenhuma assistência. O que sei é que ele vai receber na lotérica um pagamento todo mês. Deve ser a aposentadoria de José por invalidez”, afirmou outra vizinha.


BOCÃO NEWS

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