Controle dos pais no Facebook está levando jovens a abandonarem a rede social

Uma nova pesquisa da Pew Research Center, empresa americana que informa as tendências que estão tomando o mundo, concluiu que os jovens estão cada vez mais migrando do Facebook para o Twitter, fugindo da vigilâncias dos pais nas redes sociais. O estresse em sempre manter a reputação inabalável e a velocidade com que os dados correm estão desanimando os usuários.

A pesquisa informa que 70% dos jovens no Facebook tem os pais adicionados e 91% deles compartilham informações com parentes próximos. Porém, essa aproximação cibernética com os responsáveis está cada vez mais díficil para os adolescentes. É o caso de Néia Vieira, 44, que tem os dois filhos adicionados no Facebook e patrulha diariamente suas contas. “Faço isso para evitar que eles exponham a vida deles na internet, divulgando detalhes da vida pessoal”, disse. Néia chega a pedir para seus filhos, Marcella e Murilo, de 18 e 13 anos, respectivamente, retirarem conteúdos que ela julga como impróprios. “Quando vejo que algo que possa refletir no que eles não são na verdade peço para tirar”, contou.



O comportamento de Néia Vieira não é particular. Segundo a psicóloga Rosário Nascimento, o sentimento super protetor das mães extrapola a realidade e entra na vida cibernética. “As mães clamam pelos filhos se blindarem dos riscos que a internet proporciona, bem como não transparecer algo negativo de sua postura. Pornografia e mensagens muito particulares são os maiores pedidos dos pais nos conteúdos que devem ser retirados. O cuidado de pai para com o filho é o mesmo, só muda de plano. Agora é dentro de um monitor”, explicou.  

A estudante de direito Marcella Vieira já se incomodou muito com a vigilância dos pais. “Nunca gostei muito da interferência da minha mãe. Porém, hoje eu dou valor porque é bom ter alguém de fora avaliando o que estamos fazendo na internet”, falou. Seu irmão, Murilo, 13, também não se diz satisfeito. “Já tive que tirar várias coisas. Geralmente não vejo que tem necessidade, mas no fundo é bom”, contou.

A psicóloga, por sua vez, pondera o embate. “A internet virou um campo de batalha entre pais e filhos. O controle dos pais vai existir sempre e é um direito deles. Claro que tem que haver um limite de privacidade onde cada um cuida da sua conta. Porém, se não existir bom senso por parte dos filhos a intervenção paternal deve e vai ocorrer”.

Os adolescentes relataram à pesquisa que estão mudando para redes como Twitter e Instagram para se verem “livres das expectativas sociais e as restrições do Facebook”, diz o relatório. A estudante de economia Bianca Ceotto, 18, está em todas as redes citadas na pesquisa e enfrenta mais interferência realmente no Facebook. “Meu pai sempre fica querendo saber com quem eu estou nas fotos, quem são as pessoas que me envolvo. Mas não vejo problema nisso”, disse. Uma menina de 14 anos, com identidade não divulgada, falou na pesquisa que “acho que o Facebook pode ser divertido, mas também é a central de dramas. No Face, as pessoas, com um mero ‘Curtir’, acabam revelando coisas ou dizendo coisas que não diriam na vida real”.

UOL PN

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