MAURÍCIO DIAS ANALISA: O Rei diante de súditos aflitos



Foto: Reprodução / Secretário de administração deixa governo de Rui Macedo (PMDB)


A administração municipal de Jacobina, sob a gestão de Rui Macedo (PMDB), perde seu primeiro secretário. Na última quinta-feira, 18, o secretário de administração geral, o advogado Paulo Henrique Jacobina Santos, entregou seu pedido de exoneração e deixa de fazer parte da equipe do primeiro escalão do governo peemedebista local, saindo do processo administrativo da mesma forma como entrou: silenciosa e discretamente. Os motivos da repentina exoneração não foram revelados ou comentados pelos demais membros de governo. Nenhuma nota, nenhuma declaração.
Se as razões que levaram o então secretário administrativo a jogar a toalha não reverberaram, o mesmo não se pode dizer do inconformismo que toma conta de alguns setores da atual gestão, que cobra empenho do chefe do executivo no cumprimento de compromissos assumidos durante a campanha, mas relegados a planos inferiores após sua ascendência ao cargo. É sabido o esforço hercúleo de grupos políticos e de pessoas para colaborar durante a eleição que culminou com a vitória de Rui Macedo, acreditando numa mudança de métodos e de prioridades a partir de sua chegada ao poder. "Juro que pensava que Rui não iria repetir os erros cometidos no seu primeiro governo, mas vejo que estava completamente errado", afirma um desses colaboradores.
Para esses elementos colaboradores, tudo mudou de rumo já nos primeiros dias de gestão, percebendo imediatamente o quanto estavam enganados, a começar pelas indicações de cargos comissionados, entregues a um loteamento ineficiente e improdutivo, onde, segundo fontes seguras, alguns desses cargos são indicados pela primeira dama. Afinal, todos temos amigos, e amigos são para essas horas.  No campo das relações institucionais, o papel de "porta-voz" - uma deficiência crônica dos últimos governos- fica restrito a uma assessoria de pouca representatividade e fraca expressão, que não tem bom relacionamento e trânsito com a mídia local, expondo, invariavelmente, o alcaide a situações constrangedoras pelas afoitas declarações públicas, muitas das quais contradizem pontos de vista do seu próprio tutor. Comunicação de governo sempre representa a cara do governante e, portanto, devem expressar seus conceitos, suas ideias, suas ações. Comunicação de governo não fala por si, mas por uma estrutura política e administrativa. Erros de comunicação podem representar meses de esforços de toda uma equipe. O prejuízo vai apenas para o líder, nunca para o assessor.
Quando o assunto é prioridade de investimento, a situação fica ainda mais complicada para esses colaboradores tentarem explicar à sociedade o que verdadeiramente lhes levaram a fazer parte desse organismo governamental. Segundo um veículo de comunicação da cidade, que alega ter feito levantamento dos gastos da prefeitura neste primeiro semestre do ano, a administração Rui Macedo já carreou mais de R$ 32 milhões dos cofres públicos em licitações para empresas de outras regiões. Muitas dessas licitações saltam os olhos do contribuinte. São licitações tão estranhas, que acabam virando piada nos meios sociais. Seria cômico, se não fosse trágico.  
Ao completar seis meses à frente da administração municipal, Rui Macedo convocou seu staff para fazer um balanço. Contar as pérolas que formam o bracelete do seu governo. Olhou para um lado e para o outro, viu apenas secretários e assessores tensos e amargurados, mergulhados em profundo desgosto. Alegres apenas os que defendem seus salários. Lógico que, para a plateia, dirão estar navegando em verdadeiro mar de rosas!
Mas como mostrar produtividade diante de uma completa inversão de prioridades e de valores? Como realizar ações, quando os recursos não chegam às pastas? Como estar bem com a opinião pública, se a administração está focada em terceirizações escandalosas? Como poupar o governo das críticas, se até vereadores da base lambem suas feridas ao vivo nas rádios locais? Como conter a fúria avassaladora das ruas, se as mesmas estão esburacadas e viraram palco de manifestações? Como defender um gestor, que torna-se frio diante de suas próprias promessas? A saída do secretário de administração, mesmo tendo sido um caso pontual, pode estar sinalizando a fissura no casco do navio. Pode ser a ponta do Iceberg.     
SITE CIDADÃO DO POVO :   Texto: Maurício Dias 

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